Os desafios enfrentados pela educação nos últimos anos não se restringem à educação formal, tampouco ao contexto brasileiro. São muitos os dilemas encontrados na articulação entre as juventudes e os processos educativos e, por isso, a partir da experiência do Programa Observatório da Juventude (OJ), buscamos dialogar sobre diferentes possibilidades de realização do trabalho com jovens. É a partir da necessidade de (re)afirmação diária da educação como um direito, que nasce a proposta de elaboração da Coletânea “Juventude Brasileira e Processos Educativos”. Tomando como princípio a educação popular e alinhados/as (aliada) a metodologias de trabalho construídas ao longo das duas últimas décadas pelo OJ, diversos/as educadores/as pesquisadores/as que atuam e pesquisam junto aos/às jovens aceitaram o desafio de, juntos/as, produzirem um material pedagógico que dialogue com educadores/as de diferentes contextos educativos no sentido de contribuir para a atuação/reflexão sobre diferentes temáticas relacionadas às juventudes.
O curso de formação “Descortinando a prática” com educadores/as equipe técnica que atua com inseridos/as no serviço de acolhimento é uma parceria entre o Programa Observatório da Juventude da Faculdade de Educação (OJ/FAE/UFMG) e o Salão do Encontro, diretamente através do Programa Jovem Independente. É uma ação de extensão vinculada às ações do OJ e se situa no contexto das Políticas, Programas e Projetos na área social no cenário brasileiro. O trabalho realizado pelo Observatório da Juventude no âmbito especialmente da extensão e da pesquisa têm nos mostrado a importância de se buscar investir na formação dos/as educadores/as que atuam diretamente com juventudes. Isso significa compreender que tal investimento precisa fomentar uma formação que permita coordenar, preparar, executar, planejar e avaliar o trabalho desenvolvido com jovens. Além de trabalhar e refletir sobre concepções de educação, realidade juvenil contemporânea, metodologia de trabalho com jovens, domínio e o debate sobre diversas temáticas ligadas às juventudes. A proposta do curso de formação com os/as educadores/as e equipe técnica das Casas de Acolhimento, tem como objetivo contribuir para a formação de profissionais que atuam na política de acolhimento, buscando subsidiar a prática educativa desenvolvida por eles/as com os/as jovens atendidos/as. O percurso formativo se baseará no seguinte eixo central: Educação, Juventudes e Trabalho. Vale ressaltar que durante período da pandemia da Covid-19 mantivemos o contato e continuamos a construção de vínculos com os/as educadores/as do acolhimento através de rodas de conversa on-lines. Além de conectar esse contexto pandêmico vivido com a temática da educação e das juventudes, buscamos uma reflexão sobre como esse momento nos (re)educa e nos politiza na vivência em sociedade.
As intervenções com estes/as jovens buscam criar um vínculo e um laço social com esta parcela da juventude que tem uma trajetória na criminalidade, no tráfico e no consumo de drogas. Procuramos apostar em outras possibilidades de vínculos, para que estes sujeitos possam fazer escolhas distintas que vão mais além do ato criminal e da delinquência, a partir de práticas educativas, psicossociais e da psicanálise tendo como resultado discursos e narrativas da realidade da cultura da periferia: hip hop, grafite, dança, rodas de conversa e oficina de culinária. No Brasil, temos uma grande parcela da juventude que acaba fazendo a escolha para a criminalidade em razão da baixa oferta de possibilidades de se criar outros vínculos. Entendemos que estas dificuldades são decorrentes de preconceitos e da segregação social: racismo e diferença de classe. As intervenções com estes sujeitos podem reinseri-los na comunidade de maneira mais integrada a partir de uma prática educativa, psicossocial e da psicanálise orientada pela lógica do reconhecimento que leva em consideração o laço social e a vida.
Com o objetivo de refletir sobre as potencialidades educativas e pedagógicas contidas em cartas trocadas entre professores/as e jovens estudantes negros/as e LGBTQI+ da educação básica e suas contribuições para a formação de outras docências o projeto Educar-se Pela Escrita do Outro/a dentre outras coisas tinha como propósito analisar como as indagações suscitadas pelas cartas das/dos jovens negros/as e LGBTQI+ refletiram nas práticas dos/as docentes envolvidos/as, identificar quais elementos emergiam com maior ênfase e apontar possíveis novas práticas para lidar com as situações, organizar um grupo de estudo e debate composto por membros da universidade e dos professores e professoras da educação básica, problematizar o lugar da docência diante da realidade enfrentada pelas juventudes negras e LGBTQI+ no chão da escola e inserir os/as professores/as da educação básica na extensão universitária. Para isso o projeto adotava a seguinte dinâmica: O primeiro passo envolveu o contato com professores/as que já tenham participado das oficinas em momentos anteriores e que tenham elaborado a carta resposta, posteriormente haverá formação do grupo de estudos das questões étnico-raciais que se reunirá periodicamente, na sequência acontecerá retomada das cartas com discussão baseada em bibliografia condizente com as temáticas raciais e LGBTQI+. Em um esforço conjunto, os/as professores/as da educação básica, juntamente com os/as participantes do projeto de extensão, vão elaborar uma cartilha didática (com a temática das juventudes negras e LGBTQI+) que possa ser utilizada nas escolas e haverá uma sistematização do projeto por meio de publicação de artigos em revista de cunho extensionista.
O Fórum é um projeto de extensão criado por docentes e bolsistas em 2004 visando promover ações que logravam dar visibilidade social às demandas juvenis e estimular o poder público local a desenvolver políticas nesse âmbito. Surgiu num contexto de ausência de Políticas Públicas de Juventude (PPJ) na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) vinculadas ao direito à cidade, destacando o combate à invisibilização e criminalização das culturas juvenis da periferia. Consiste em uma rede de entidades, movimentos, grupos e ativistas autônomas/os que desenvolvem trabalhos com jovens e/ou são formados por jovens. Suas ações se justificam no contexto da própria realidade das políticas públicas voltadas para a juventude na RMBH. É um coletivo pautado no diálogo com a sociedade buscando a constituição e fortalecimento de rede entre as entidades, movimentos, grupos e ativistas autônomas/os.
O Projeto será desenvolvido por meio de parceria com Instituição(ões) que desenvolve ações com jovens trabalhadores, de acordo com as legislações vigentes, através de oficinas temáticas. Essas oficinas têm como eixo transversal as temáticas: Identidade, Projeto de Vida, Trabalho e Desigualdades. As atividades serão desenvolvidas a partir de dois momentos de oficina. A oficina Eixos Transversais tem como objetivo possibilitar processos de compreensão, análise e desnaturalização dos processos socioculturais nos quais os/as jovens estão envolvidos/as, a partir de reflexões e estudos das temáticas a serem trabalhadas e definidas com a participação dos/as jovens e de toda equipe de educadores/as envolvida. A oficina Fora do Eixo objetiva trabalhar as temáticas através da produção cultural dos/as jovens, priorizando o uso das novas tecnologias de comunicação e das artes. Os encontros são semanais. Toda a metodologia se pauta na Educação Popular, como uma intencionalidade pedagógica.
O foco do projeto é articular as ações de extensão com o ensino e a pesquisa no Programa Observatório da Juventude. Ele surgiu em 2005 a partir da necessidade de reunir materiais (estudos, pesquisas, publicações) e dar suporte às ações desenvolvidas no Observatório. O projeto divulga esses materiais, notícias e eventos para estudantes, educadores/as, pesquisadores/as e profissionais que atuam no campo da juventude. Ele acompanha as informações sobre a juventude brasileira, assim como a situação dos/as jovens da região metropolitana de Belo Horizonte, as políticas públicas e as ações sociais voltadas para eles/as. Além disso, uma das funções do projeto é colaborar para promover a interação entre os projetos e encaminhar demandas que chegam ao programa.
Observatório da Juventude - UFMG