Caro leitor,

Olá, neste eixo temático vamos discutir o tema da juventude frente às questões da sexualidade, das relações de gênero e das relações étnico-raciais.

Talvez você já saiba o que são “relações de gênero”, talvez não. Para começarmos é importante que saibamos do que estamos falando. A palavra “gênero” tem um uso muito variado. Em ambientes escolares, por exemplo, é comum que professores e professoras que trabalham com língua portuguesa falem de diferentes gêneros linguísticos ou textuais. Também falamos de gênero de música que gostamos; e quando vamos ao cinema escolhemos o gênero de filme que preferimos (comédia, drama, suspense, terror, etc).

Aqui falaremos de outro conceito de gênero, mais especificamente trataremos de relações de gênero. A palavra gênero designa as várias possibilidades construídas dentro de uma cultura específica de nos reconhecermos como homens e mulheres. Assim, ser homem e mulher pode variar sensivelmente dependendo da época, do lugar e ainda dos valores sociais que norteiam as interações dos indivíduos em dada sociedade. Falamos sempre de relações de gênero porque entendemos que a construção do feminino e do masculino acontece de forma relacionada e interdependente.

Um dos aspectos mais importantes na estruturação das relações de gênero são as configurações sociais em que as relações de classe e as relações étnico-raciais orientam o nosso olhar sobre a nossa forma de nos relacionarmos com homens e mulheres, assim como marcam diferenças étnicas para as masculinidades e feminilidades.

É isso que vamos aqui discutir. Pensar como a condição juvenil também se expressa numa perspectiva de gênero visto que os meninos e as meninas são interpelados a se afirmar como homens e mulheres ao incorporar atributos considerados masculinos ou femininos na cultura em que vivem e a partir de um pertencimento étnico racial.

Bem, esperamos que você goste desse eixo temático do módulo V! Seja bem-vindo/a, caro/a cursista!

André Diniz , Anna Claudia Eutrópio B. d´Andrea , Izabela Saraiva de Queiroz e Paulo Henrique de Queiroz Nogueira .

Observando formas e texturas (Exercício de observação)

Desnaturalizando o olhar

Faça agora um pequeno exercício. Olhe para os lados, veja o cotidiano das ruas, a rotina dos lugares que você frequenta, lembre-se das imagens presentes na mídia. Pode ser o que se passa na vizinhança de sua residência ou aquilo que acontece em seu local de trabalho. Mas pode ser o que ficou na rua, ali na esquina, na sua ida ao centro para fazer compras, no trânsito pela cidade e na diferença que separa os bairros, enfim, qualquer lugar que você tenha ido recentemente. Olhe com cuidado! Você viu?

Você deve estar se perguntando o que é para ver, não é mesmo? Tente ver como o nosso olhar pode generificar e racializar o mundo. Melhor dizendo, como, ao vermos as coisas e as pessoas ao nosso redor numa perspectiva de gênero, podemos aprimorar um olhar sensível para com as desigualdades étnico-raciais? Vamos tomar um exemplo. Veja as imagens abaixo:

Avenida 25 de Março - SP
manifestações  de Julho

São imagens retiradas da internet que aportam mensagens ao leitor.  Será que é uma mensagem neutra? Será que é uma mensagem qualquer?

Em duas das maiores cidades brasileiras com a maior população de pessoas autodeclaradas pretas e pardas, segundo o Mapa da População Preta e Parda no Brasil do IBGE de 2011, evidencia-se a distribuição racial desigual quando se comparam essas duas fotos em que origem e destino social são fortemente marcados pela composição étnica da população brasileira. Duas carreiras profissionais de alto e baixo prestígio social são diferentemente acessadas por homens e mulheres tendo em vista a questão racial.

Na primeira, uma foto da turma de medicina da UFBA de 2011, em Salvador, na qual são poucos os pretos e pardos e, na segunda, uma foto dos garis da COMLUBR responsável pela limpeza urbana na cidade do Rio de Janeiro em que pretos e pardos compõem a maioria esmagadora.

Chama nossa atenção o modo como essas imagens transmitem mensagens que reforçam determinados entendimentos sobre o “ser homem negro” e o “ser mulher negra” e que, muitas vezes, passam despercebido para a maioria das pessoas. Muitas pessoas vêem essas imagens e nem percebem que estão sendo educadas através delas sobre o que se espera em uma cultura sobre o “ser homem” e o “ser mulher” numa dimensão racial.

Por um lado, temos a carreira de médico, uma profissão valorizada e que exige uma longa carreira escolar em faculdades de difícil acesso como as ofertadas nas universidades públicas; e, por outro lado, um trabalho braçal, estafante, de baixo prestígio e que exige apenas a escolaridade básica.

Numa perspectiva racial, esses dois lugares são amplamente naturalizados e explicitam como os mecanismos institucionais que estruturam o racismo se encontram invisibilizados em nossa sociedade. É como se naturalmente fosse assim que as coisas são e é assim que elas devam permanecer. Como se escolhas e intenções não fossem expressões da falta de oportunidades explicitadas nas assimetrias sociais a não permitir a justa distribuição de oportunidades e bens entre todos e todas.
Uma das variáveis que organizam essa dinâmica racista está associada ao gênero: o racismo tem sexo.

Infográfico Pobreza, distribuição e desigualdade de renda. Renda média da população, segundo sexo e cor/raça. Brasil, 2009.

Segundo o relatório Retrato das desigualdades de gênero e raça (IPEA, 2011, 34s), os homens negros apresentam, em média, 55% da renda recebida pelos homens brancos em 2009, enquanto as mulheres negras possuem uma renda média equivalente a 30,5% em comparação aos homens brancos.

E se consideramos a ocupação entre homens/mulheres e negros/brancos poderemos perceber que essas desigualdades, em 2003, são ainda mais complexas. Vejamos o gráfico abaixo retirado do Retrato das desigualdades de gênero e raça de 2003 (IPEA, 21):

Gráfico Retrato das desigualdades de gênero e raça (IPEA, 2003, p. 21)

  • São apenas as mulheres (negras e brancas) que se dedicam ao trabalho doméstico remunerado;
  • Entre as empregadas domésticas, o maior contingente é de mulheres negras (22,4%);
  • Os homens (negros ou brancos) são mais empregadores do que as mulheres;
  • Entre os empregadores, os homens brancos são o contingente mais expressivo em relação aos homens negros.

Esses dados apontam a interdeterminação das dinâmicas de desigualdades entre raça e gênero, a isso chamamos discriminação interseccional.

Interseccionalidade é, em primeiro lugar, não mais tentar apreender ou analisar a realidade através de um ou outro conceito isoladamente (raça, classe ou gênero); e, em segundo lugar, é pensar os fenômenos de desigualdade e os sujeitos envolvidos de forma relacional e articulada.

De uma maneira geral, o debate sobre gênero e o debate racial trazem marcas que, ao longo da História, naturalizam diferentes comportamentos e posturas tidas como adequadas ou esperadas de homens ou mulheres em que algumas justificativas para essas expectativas se baseiam exclusivamente em questões biológicas.

Por exemplo, como quem tem útero é quem gera uma criança, já foi dito que a responsabilidade com o cuidado de um bebê seria exclusivamente da mulher. Porém, essas mesmas dimensões biológicas possuem densidade própria quando nos referimos aos corpos de negros e de negras.

Assim, a maternidade das mulheres, quando se tratam de mulheres negras, é que nos faz pensar na apropriação dos seus corpos, quando escravizadas, como amas de leite no passado ou dessas mesmas mulheres atualmente como babás, cuidadoras, empregadas domésticas, serviços gerais e outras profissões associadas ao cuidado da criança e do lar. A condição de “ser mulher” e “ser negra” se compõe no interior da divisão sexual do trabalho e, são nessas profissões que as meninas negras possuem, recorrentemente, uma maior oferta de ocupação, como refletido no gráfico acima.

É bom lembrar que o fenômeno da escravidão é uma herança ainda a ser superada no Brasil e que o trabalho braçal encontra-se associado à oferta de trabalho para homes e mulheres negros. A construção civil, o trabalho com a capina e o gari são expressões das condições de trabalho que esses jovens negros encontram quando procuram emprego.

Sendo assim, os dados acima reforçam um destino imposto aos homens e mulheres negras associado às atividades relacionadas à reprodução biológico e social das crianças e que transparece no trabalho doméstico e outras profissões associados ao cuidado. Assim como é destino dos homens negros o trabalho braçal como sinônimo da virilidade que se coaduna a certa moralidade do mundo do trabalho. E essas visões, muitas vezes, aparecem no discurso dos jovens quando se referem à sua incapacidade de prosseguir nos estudos em que as exigências de acesso a renda apressa a entrada no mercado de trabalho braçal.

Assim, os homens e mulheres negros possuem seus corpos associados a estereótipos construídos pelo racismo ao longo da história do Brasil. É possível perceber isso em vários momentos da vida social como, por exemplo, nas falas preconceituosas que estigmatizam os corpos negros. Mas, essa estigmatização também pode ser percebida em referências aparentemente “positivas” como, por exemplo, na hiper-erotização dos corpos de homens e mulheres que são vistos como corpos sensuais, disponíveis ao sexo e moralmente depravados.

Essa erotização é uma herança do regime escravocrata, faz parte da dinâmica de subalternização de negros e negras vê-los e tratá-los como coisas. E um dos mecanismos mais eficazes para que isso ocorra, além do açoite e dos grilhões para a supressão da vontade própria, é ver esses sujeitos como amorais ou imorais. E, portanto, com uma vontade inferior, mesquinha e degradante por serem indivíduos orientados por interesses e desejos impuros para o convívio social e o bem estar de todos.

Imagens da coisificação

Avenida 25 de Março - SP
manifestações  de Julho

As instituições sociais, entre elas a escola, podem oferecer espaços de reflexão intencional sobre essas questões, muitas vezes naturalizadas. Com isso, outros rumos e outras possibilidades para as relações de gênero em nossa juventude poderão ser trilhados.

Discutir as relações de gênero e as relações étnico-raciais não se reduz ao biológico; mas é pensar e questionar relações de poder. Nossa sociedade costuma produzir discursos e situações que hierarquizam diferenças, transformando essas diferenças em desigualdades. Você já pensou nisso? Somos todos diferentes e isso é fato. Porém, há uma construção muitas vezes invisível que determina que um pólo dessa diferença seja bom e o outro seja ruim. Por exemplo, existem pessoas que moram na cidade e pessoas que moram no campo ou na zona rural. De forma sutil somos levados a acreditar que morar na cidade é melhor que morar no campo e as pessoas das cidades são superiores ou mais civilizadas que as pessoas que moram no campo.

Isso acontece de forma tênue e muitas vezes nem nos damos conta. Vejam as representações da vida rural que permeiam as novelas. São normalmente caricaturais, cômicas ou “ingênuas”. Sem perceber vamos alimentando a transformação de uma diferença em um privilégio.

Veja outro exemplo: homens e mulheres.

Homens e mulheres são diferentes. Assim como também somos um povo multi étnico, porém, socialmente, vão se construindo versões sobre essas diferenças que colocam homens como mais privilegiados/poderosos que mulheres e, brancos mais poderosos e privilegiados do que negros. É importante perceber que essas diferenças que se tornam desigualdades constroem hierarquias em que o acesso a direitos vai sendo paulatinamente organizado ao reproduzir perspectivas racistas e sexistas no trato da diversidade de gênero e da diversidade racial. A diferença que existe vai se transformando em uma desigualdade de direitos. Veja um exemplo de como isso é construído:

Já se sabe há tempos que propaganda de cerveja explora o machismo e o sexismo ao associar a bebida às mulheres. E como a cerveja que mais agrada os brasileiros é a Pilsen, uma cerveja clara que por aqui é chamada de loura, essa associação é corriqueiramente vinculada a mulheres louras e sensuais.

A cerveja Devassa, cujo nome já indica essa ligação, veiculou, em 2011 e 2012, uma propaganda de uma Dark Lager, uma cerveja escura, que sofreu recomendação do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária de alteração de seu teor por racismo. Além de ter sido acionada à justiça pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumido também por racismo.

Propaganda Devassa

A chamada diz que “É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra” fazendo uma associação da cerveja ao corpo da mulher negra ao retratá-la como objeto em que qualidades da cerveja como forma e aroma são características da cor/raça da cerveja/mulher.

A própria “bolacha” da cerveja ainda traz essa referência ao propor:

Propaganda Devassa

Devassa é um “tesão de cerveja”, seja ela ruiva, loira ou negra. Mas, no caso da Dark Lager, a cerveja escura, o nome alemão não é adequado a uma “nêga” brasileira.

O uso de “nêga”, eufemismo racista tão ao gosto da democracia racial brasileira, escamoteia e revela o lugar de coisa e subalternidade da mulher negra. No contexto da propaganda, Dark Lager é um título muito nobre para uma brasileira de pele escura.

As relações raciais e de gênero estão expressas por todos os lados, então, olhe ao lado, veja de novo e o que você enxerga?

Quem quer ser Globeleza?

Mulheres protestando

Mulheres negras se mobilizam na internet contra a fala de uma das candidatas ao título de Globeleza de que “toda menina negra sonha em ser globeleza”

Por um lado, a crítica é direcionada à imagem estereotipada dos negros nas mídias e que se encontra apenas associada à dança, ao samba, à sensualidade; e, por outro lado, há uma crítica ao ideal estético de beleza exigido pelo concurso em que o corpo das mulheres negras obedece a exigências de feminilidade e racialidade que deixa de fora jovens que não são reconhecidas e não se reconhecem nesse padrão de beleza.

As jovens da foto, ao dizerem que não querem ser globeleza, veiculam outras possibilidades de serem negras. Em que o cabelo, o corpo, as formas expressam uma feminilidade fora de um padrão único e imposto pelas mídias.

São vários os corpos, várias formas e vários os cabelos, assim como ser passista, gostar de samba, saber sambar também são possibilidades identitárias que não limitam ou cerceiam o destino social de ser mulher e ser negra.

Outras Cores

Vejam alguns sites na internet sobre estética e beleza negra.

Feliz cabelo todo!

Meninas Black Power

A página rompe com qualquer linearidade estética associada a cabelo de mulheres negras: trança, mega hair, tintura, turbante, crespo, liso, black power, dreadslocks, amarrados, enfim, uma gama de possibilidades para ser bela.

Página do Facebook


Logo Mulher Negra e Cia.

Mulher negra e companhia

O blog Mulher Negra e cia. traz informação sobre maquiagem, cabelo, saúde da mulher negra.

Visite o site

logo Blogueiras Negras

Blogueiras negras

O site Blogueiras Negras é aberto à participação de escritoras que se afinem com o objetivo do site e que privilegiem o feminismo negro e/ou assuntos que digam respeito à negritude e seus desdobramentos.

Visite o site Blogueiras Negras

Observando formas e texturas

Menina mulher da pele escura

Esse filme é do cineasta Renato Candido formado pela ECA/USP e mestre em Ciências da Comunicação pela mesma instituição. Suas produções audiovisuais se fundamentam no recorte racial e no entendimento das relações raciais no nosso Brasil.

Nesse filme, ele constrói uma narrativa sobre os dilemas de Jennifer, que ainda adolescente, se pergunta sobre quem é, sua identidade como mulher e negra. Questões estéticas associadas ao seu corpo, sua pele, seu cabelo emergem como momentos definidores de sua identidade em que a escola, o trabalho, o namoro são tematizados para pensar as tensões de ser adolescente entre jovens negros da periferia de São Paulo.

Veja o filme e as tensões e dilemas vividos por jovens negras!

Primeira aproximação sobre sexo e gênero

Vamos começar agora a conceituar e oferecer ferramentas teóricas para o seu olhar. Na sessão anterior, fizemos análises de propagandas, imagens e situações sociais facilitando que você percebesse como existe cotidianamente uma “educação generificada e racializada”. Foi possível perceber como somos bombardeados, em todo momento, por mensagens que alimentam estereótipos sobre o masculino e o feminino, reafirmando preconceitos e desigualdades. Nessa seção, vamos apresentar algumas discussões que acontecem entre os estudiosos e estudiosas das relações de gênero e das relações raciais.

Inicialmente, vamos fazer uma distinção entre sexo e gênero. Quando uma pessoa grávida faz o ultrassom e o médico fala “É uma menina”, em que ele está se baseando? Ele está se baseando em uma característica biológica que é possível perceber no exame. Essa característica biológica é o sexo. A família dessa criança vai pra casa e começa a comprar o enxoval com as cores rosa, lilás e por aí adiante. Neste momento, em que se associam cores e padrões ao sexo biologicamente dado, estamos falando de uma questão cultural e social, ou seja, de relações de gênero. Pode-se dizer, de maneira simplificada, que o sexo é biológico e o gênero é cultural e social. Tratando-se, portanto, de duas coisas distintas e não apenas de uma só, porém intimamente interligadas.

No exercício aqui proposto de olhar para os lados e olhar novamente buscando generificar o que se vê, você deve ter percebido que há diferentes padrões associados a ser homem e mulher.

E você deve ainda ter percebido que esses padrões culturais estão hierarquizados em uma escala em que se linearizam características masculinas e femininas em que um é o espelho negativado do outro.

Como o esquema abaixo:

Esquema

Ao construir este espelho de opostos das características de homens e mulheres, se cria uma polaridade em que o prestígio e o poder são associados ao masculino. Isso é o sexismo. O sexismo se baseia no binarismo de gênero, a partir do qual se estabelecem dois pólos nos quais se hierarquizam características opostas: atribuindo-se poder e prestígio a um dos pólos, enquanto ao outro pólo se confere características tradicionalmente desvalorizadas.

O sexismo é justamente essa hierarquia entre valores, comportamentos e papéis, associados ao ser homem e ao ser mulher. É o sexismo que naturaliza o fato de que homens possam ser astronautas, caminhoneiros ou pedreiros, e mulheres devam ser professoras, domésticas ou babás. É o sexismo que justifica que mulheres ganhem menos do que os homens, mesmo que exerçam a mesma atividade e tenham a mesma formação e preparo no exercício da mesma função.

Assim, espera-se que mulheres dóceis e maternas sirvam a homens viris e arrojados: esposas aos seus maridos, filhas aos seus pais, namoradas aos seus namorados, empregadas aos seus patrões. Você já deve ter observado, por exemplo, que em lugares em que há muitas mulheres trabalhando é comum que o supervisor ou o gerente seja um homem.

Claro que muita coisa já mudou graças à luta de muitas mulheres que se engajaram nos movimentos sociais, especialmente o movimento feminista. Entretanto, ainda há muito a ser feito. Se vocês observarem a relação entre os jovens vão perceber o sexismo aparecendo e vão observar como o binarismo de gênero é perpetuado.

Segunda aproximação sobre sexo e gênero quando a questão racial entra em cena

Foram as mulheres negras, latinas e do terceiro mundo que vão questionar a abordagem do sexismo acima apresentado. Ele foi denunciado como uma abordagem feita por mulheres da classe média branca dos Estados Unidos e da Europa Ocidental. A crítica se dirigi para as mulheres brancas que, em suas lutas por emancipação, priorizam a entrada das mulheres no mundo público posto que elas se encontravam relegadas ao mundo privado como “mulheres do lar”, donas de casa.

As feministas negras vão denunciar essa perspectiva por não considerar a realidade das mulheres negras que já possuem seus corpos, sua força de trabalho e sua sexualidade explorados desde quando escravizadas.

A crítica, inclusive, desmitifica a própria composição do trabalho doméstico em que são as mulheres negras que cuidam do lar enquanto as mulheres brancas supervisionam o trabalho das mulheres negras na organização do lar, no cuidado dos filhos, na manutenção da limpeza da casa e na preparação das refeições. Possibilitando, inclusive, que as mulheres brancas possam lutar por seus direitos civis, mobilizarem-se em torno de suas bandeiras de luta e acessarem as carreiras universitárias de maior prestígio e a postos de trabalho mais bem qualificados e melhor remunerados.

Assim, características como ser FRÁGIL, DELICADA, MATERNA e PASSIVA devem ser relidas sob a ótica da desigualdade racial posto que as mulheres negras, desde cedo, devem se tornar fortes para enfrentar o trabalho a elas reservada pelas assimetrias sociais em que, por exemplo, usam-se de suas capacidades maternas para cuidar da casa e dos filhos das mulheres brancas.

O binarismo de gênero, portanto, incide de forma diferenciada sobre homens e mulheres conforme questões raciais e de classe vão costurando e materializando as relações sociais.

Ainda mais um elemento entra em cena... a sexualidade.

E ainda temos mais um elemento para colocar em nosso caldeirão: a sexualidade!

 Há na nossa cultura uma expectativa de que aconteça uma correspondência entre sexo-gênero-desejo. Entretanto, isso não acontece de forma tão linear. Existem várias pessoas que se posicionam de outras formas nessa linha que liga o sexo ao gênero e ao desejo.

O sexo biológico de uma pessoa não necessariamente vai definir como ela vai se posicionar socialmente em relação ao gênero (a esse posicionamento chamamos de identidade de gênero). A expectativa social é que quem tem pênis deva se reconhecer como homem e direcione seus afetos para uma mulher. Porém, a história nos mostra que as pessoas se reconhecem de maneiras distintas. Você conhece pessoas que não seguem a linearidade entre sexo, gênero e desejo? Com certeza sim. Na vida real, nas pessoas reais, vemos que as possibilidades são super variadas!

Nosso desejo sexual e nossos afetos podem ser mobilizados por pessoas de outro sexo, do mesmo sexo ou dos dois sexos. Dependendo de como nosso desejo se mobiliza dizemos que somos heterossexuais, homossexuais ou bissexuais. A sociedade costuma legitimar apenas as relações heterossexuais, porém, cada vez mais tem sido possível enxergar outras possibilidades no campo da sexualidade com menos preconceito.

Existe uma norma construída culturalmente e existem diferentes experiências vividas pelas pessoas em relação a essa norma. Nem todo mundo cabe na norma. O que fazer com essas pessoas? Lidar com quem é “fora da norma” sempre foi uma questão para a nossa sociedade. Criamos sempre um sistema de vigilância para assegurar que todo mundo “entre na norma”. Em relação à sexualidade, esse sistema é a heteronormatividade.

A heteronormatividade é um sistema de vigilância social em que homens e mulheres são interpelados a demonstrarem apenas comportamentos coerentes com seu sexo biológico e com o desejo heterossexual.

A heteronormatividade se expressa em situações cotidianas e aparentemente despercebidas. Falas como “anda direito, firma esse corpo, está parecendo mulher” – direcionadas a um menino – e falas como “fecha as pernas, não pode subir em arvore, isso é coisa de homem” – direcionadas a uma menina - são exemplos da heteronormatividade. Estamos o tempo todo vigiando as subjetividades e comportamentos para assegurar uma heterossexualidade. Quando uma pessoa foge da norma heterossexual ela pode ser vítima de agressões ou violência, ou seja, homofobia.

A homofobia é a atuação preconceituosa e discriminatória com pessoas que fogem da norma heterossexual e/ou que a identidade de gênero não é coerente com seu sexo biológico. Assim, quando uma pessoa é agredida pelo fato de parecer ou ser homossexual, dizemos que foi vítima de homofobia.

A lesbofobia atinge diretamente a mulheres que são ou aparentam ser lésbicas. Há violências específicas que atingem essas mulheres e uma delas é o estupro corretivo que é a violação de seus corpos como uma punição corretiva por não desejarem exclusivamente homens e não manterem com eles relações sexuais.

O enfrentamento da homofobia e da lesbofobia precisa ser fortalecido, assim como o questionamento da heteronormatividade.

E isso por duas boas razões. A primeira é que é necessário ensinar e aprender que existem diferentes formas de expressão da sexualidade e que todas podem ser legítimas, e que não tornam a pessoa menos humana ou menos saudável. A segunda é porque a homofobia funciona como uma vigilância de gênero na manutenção dos estereótipos associados às masculinidades e feminilidades.

São os homens, entretanto, as principais vítimas e algozes dessa vigilância posto que são eles os que, por medo do “efeminamento”, poderão vir a perder as insígnias do FORTE, DESTEMÍDO, ARROJADO e MÁSCULO.

Os estudos sobre masculinidade, por exemplo, têm apontado uma forte correlação entre violência e virilidade. Todos nós já ouvimos frases que associam masculinidade e intolerância como: “não levar desaforo para casa”, “homem que é homem não chora” ou “lavar a honra com sangue”. Essas frases servem como exemplo de como a violência é algo presente na forma de ser dos homens em que o diálogo e a busca do consenso são substituídos pelo conflito e a desavença.

Você já deve ter lido manchetes como estas:

Desconfiado de traição, homem mata mulher, tenta esfaquear filha e se enforca no norte de Minas

Fonte: R7 Notícias

MG: homem mata enteado de 10 anos após discussão sobre pescaria

Fonte: Terra

Brigas, ciúmes, conflitos entre vizinhos, desavenças, discussões, violências domésticas, desentendimentos no trânsito, são expressões das rixas em que homens se envolvem “por não levar desaforo para casa”. Muitas dessas ocorrências levam a morte e a morte por motivos fúteis em que o assassinato se dá por impulso. Nessa equação a violência de gênero contra as mulheres, lésbicas, gays e transexuais e a violência doméstica contra crianças, jovens, idosos e incapazes possuem dimensões alarmantes.

Em novembro de 2012 o Conselho Nacional do Ministério Público divulgou uma pesquisa a partir de inquéritos policiais referentes a homicídios dolosos acontecidos em 2011 e 2012 em 16 Unidades da Federação. Objetivava verificar a proporção de assassinatos acontecidos por motivos fúteis e/ou por impulso. De acordo com o levantamento, a taxa de homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis chegou a 63,77%, em Goiás, em 2012; a 50,66%, em Pernambuco, em 2011; a 43,13%, no Rio Grande do Sul, em 2011; e a 26,85%, no Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2011 a setembro de 2012.

A transfobia é, especificamente, a ação discriminatória e preconceituosa que atinge a travestis e transexuais. Convidamos você a ver o vídeo “Muito Prazer - travestis e transexuais de Juiz de Fora” realizado pelo Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT/NUH da UFMG.

Nesse vídeo feito em Juiz de Fora é interessante perceber como a violência contra travestis tem vários pontos de contato quanto a forma da escola e a família tratarem o processo de feminilização vividas por elas. Mas há também diferenças entre elas quanto às formas e maneiras de viver a travestilidade. Sem estabelecer relações de causa e efeito, é possível perceber como questões relativas à classe social e ao pertencimento étnico-racial vão marcando as travestis e tornando as identidades de gênero e a sexualidade determinadas por desigualdades sociais em que o racismo e a pobreza fragilizam alguns percursos e a própria vivência da feminilidade.

Tudo o que discutimos até aqui tem um impacto direto sobre nossas práticas cotidianas. Como professores e professoras, desejamos um padrão de estudante. Queremos que todos aprendam do mesmo jeito e ao mesmo tempo, queremos que todos se comportem de uma mesma maneira, queremos um formato único de aluno. Porém, essa nossa expectativa nega algo que é inerente à condição humana: a diferença.

Entender a diferença como algo do humano reposiciona nossas atitudes. Saímos de um discurso de “tolerância” ou “respeito” à diferença para entendermos que a diferença constitui a realidade. Dessa forma, nossas intervenções partem de um pressuposto: existe uma diferença em ser respeitada por alguém que está em outro lado, o lado dos iguais. Por exemplo, quando discutimos que é preciso respeitar os moradores da zona rural estamos dizendo nas entrelinhas que eles são menos que os moradores da zona urbana e, por isso, é preciso se pensar em estratégias para respeitá-los.

Se nossa sociedade considerasse a diferença como um direito de todos, não seria preciso se criar estratégias de proteção ou campanhas educativas para respeitar aqueles grupos que tem menos prestígio social e são considerados “os diferentes”. Ser diferente não é ruim, ao contrário, a diversidade é algo bom e vital para a espécie humana. O que é danoso é tratar os diferentes como desiguais. Aqui a escola pode contribuir no processo de educação para o direito à diferença.

E temos que ficar atentos, pois as estratégias de inferiorização que sutestam a desigualdade se encontram articuladas e se interdeterminam. Assim, sexo, gênero, raça e classe se articulam e se interconectam. É o que aqui nomeamos como interseccionalidade.

Jovens negras lésbicas sofrem uma dupla subordinação por sua sexualidade e por serem negras. Assim, como jovens negros heterossexuais sofrerão duplamente os acossos compulsórios da virilidade devido a heteronormatividade que reitera posições racistas ao indicar que a masculinidade é o destino a que se reserva a esses jovens. Caso sejam eles pobres, esse destino ainda é fortalecido pela necessidade de acesso a renda em que o trabalho braçal é uma das poucas oportunidades ofertadas.

A negação do direito à diferença produz experiências de enorme sofrimento no cotidiano escolar. Vejam o exemplo abaixo:

Observando formas e texturas

Vamos propor a você assistir um vídeo que é um pequeno trecho de um dos episódios do Programa “Profissão Repórter” da Rede Globo de Televisão exibido no dia 19 de junho de 2009.

O tema desse programa específico é a “Escola de Periferia”. E retrata uma escola na Zona Leste de São Paulo, o prédio e a precária conservação de seu mobiliário, os seus profissionais com duplas ou triplas jornadas de trabalho e os jovens alunos com suas vivências na sala de aula.

Acompanha-se a vida de alguns alunos, mas, em meio à exibição, um assunto se destaca: o caso de suicídio de um menino de 14 anos e é sobre isso que o trecho selecionado aqui fala.

Veja o vídeo:

Iago, um aluno negro que poderia ser um jovem aluno de sua escola, mata-se por ser discriminado ao ser visto como homossexual. Percebam que em nenhum momento se diz que ele seja homossexual, mas sim que ele tinha comportamentos, trejeitos, que não atendiam as expectativas sociais exigidas pelo binarismo de gênero. Perdeu-se uma vida.

O irmão de Iago aponta como a escola não prestou ajuda e se omitiu frente às manifestações de homofobia. E no vídeo a vice-diretora, ainda desconcertada pelo acontecimento, diz da pouca capacidade da escola de lidar com esse fato.

Tratar dessa questão é um desafio, pois muitas vezes se crê que o discurso do respeito e a tolerância vão resolver a questão.

Porém, apenas discutir o respeito e a tolerância, sem ações concretas de proteção que os materializem, não são suficientes. Há demandas concretas de proteção e inclusão a serem feitas. Além disso, é preciso que a escola promova a diferença como um direito, como um fato constituidor da realidade.

Olhe ao seu lado, veja as situações cotidianas em que a omissão de alguns é a manifestação de uma ordem injusta. É possível sair da omissão? Que iniciativas individuais e coletivas podemos desenvolver frente a situações nas quais “não sabemos o que fazer”? Com quem contar?

 

Esperamos que você tenha gostado de estar conosco nesse eixo temático. Ele foi escrito para sensibilizar os cursistas acerca da necessidade de se pensar a sexualidade, o gênero e as relações raciais como duas dinâmicas decisivas para a sociedade e o cotidiano escolar.

É claro que o nosso tempo foi curto e muitas questões não puderam ser aqui tratadas. Mas as referências bibliográficas e nossas indicações de textos, vídeos e sites também podem ajudar você a saber mais. Fique atento/a aos diversos cursos que são ofertados pelo MEC e pelos governos estaduais e municipais que buscam qualificar os professores no enfrentamento do sexismo, do racismo e da homofobia. E também busque nas Universidades e ONGs cursos de formação para professores, demais educadores e outros agentes públicos. Que tal identificar as organizações negras, feministas e LGBTS existentes na sua cidade?

Engaje-se na luta contra todas as formas de discriminação e preconceito, pois é só olhar ao seu redor e perceber que muito há de se feito. Obrigado pela companhia e até breve!

Outras Cores

Aqui recomendamos algumas ONGs e instituições que trabalham com as temáticas aqui tratadas e que podem ter materiais para auxiliar vocês:

Feliz cabelo todo!

Portal EMDiálogo

O portal EMdiálogo foi criado por uma iniciativa do Obervatório Jovem da Universidade Federal Fluminense e,hoje em dia, é mandito por uma rede de universidades que buscam, através da internet, a criação de comunidades temáticas para potencializar o encontro entre jovens do Ensino Médio.

Visite o site do Portal


Logo ECOS

ECOS

A ECOS - Comunicação em Sexualidade é uma organização não-governamental com 20 anos de atuação consolidada na defesa dos direitos humanos, com ênfase nos direitos sexuais e direitos reprodutivos, em especial de adolescentes e jovens, com a perspectiva de erradicar as discriminações relativas a gênero, orientação sexual, idade, raça/etnia, existência de deficiências, classe social.Organização não governamental que trabalho com comunicação e direitos humanos numa perspectiva de gênero.

Visite o site

Logo Instituto PAPAI

Instituto Papai

Fundado em 1997, o Instituto PAPAI é uma ONG que atua com base em princípios feministas e defende a ideia de que uma sociedade justa é aquela em que homens e mulheres têm os mesmos direitos. Assim, consideramos fundamental o envolvimento dos homens nas questões relativas à sexualidade e à reprodução e uma ressignificação simbólica profunda sobre o masculino e as masculinidades em nossas práticas cotidianas, institucionais e culturais mais amplas.

Visite o site


Logo Promundo

Promundo

Promundo é uma organização brasileira com escritórios no Rio de Janeiro, no Brasil, em Washington, DC, nos Estados Unidos e em Kigali, em Ruanda, que trabalham em colaboração na promoção de masculinidades não-violentas e relações de gênero  equitativas no Brasil e internacionalmente.

Visite o site

aids.gov.br

Departamento de DST,Aids e Hepatites virais

Canal de comunicação e divulgação do Governo Federal que traz notícias, estratégias, documentos, manuais e demais materiais sobre DSTs, AIDS e Hepatites Viriais.

Visite o site


Logo Geledes

Geledés - Instituto da Mulher Negra

A ONG “Geledés - Instituto da Mulher Negra” foi criado em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira. No site você encontra material abundante e crítico para refletir, pensar e divulgar ações de combate ao racismo e sexismo.

Visite o site

Conheça os autores:

André Diniz é doutorando em Psicologia Social pela UFMG e membro do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão Conexões de Saberes.

Anna Claudia Eutrópio B. d’Andrea é Psicóloga, mestre em Psicologia Social e doutoranda em Educação em que discute a questão da Formação de Professores e Educação em Sexualidade.

Isabela Saraiva de Queiroz é professora da Faculdade de Psicologia da PUC Minas e doutoranda em Psicologia pela UFMG.

Paulo Henrique de Queiroz Nogueira é professor da Faculdade de Educação da UFMG e membro do Observatório da Juventude da UFMG.

Referências bibliográficas:

    ABRAMOWICZ, Anete; GOMES, Nilma Lino. Educação e raça: perspectivas políticas, pedagógicas e estéticas. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. 123 p.

    ALTMANN, Helena. Orientação sexual nos parâmetros curriculares. In: Estudos Feministas vol. 9, n. 2 (2001), p. 575-585.

    AQUINO, Julio Groppa (Org.).Sexualidade na escola: alternativas teóricas e práticasSão Paulo: Summus, 1997.

    ARIES, Philippe; BEJIN, Andre.Sexualidades ocidentais: contribuições para a História e para a Sociologia da sexualidade. 3a ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. 254p.

    BOZON, Michel.Sociologia da sexualidade. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 2004. 172p.

    BUTLER, Judith.Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. 236 p.

    CARNEIRO, Sueli; SANTOS, Thereza; COSTA, Albertina Oliveira; Conselho Estadual Da Condição Feminina (SP). Mulher negra. São Paulo: Liv. Nobel: Conselho Estadual da Condição Feminina, 1985. 142p.

    CARVALHO, Marília Pinto de; PINTO, Regina Pahim. Mulheres e desigualdades de gênero. São Paulo: Contexto, 2008. 208p.

    CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam; SILVA, Lorena Machado e. Juventudes e sexualidade. Brasília: UNESCO, 2004. 426 p.

    CÉSAR, Maria Rita de Assis. Gênero, Sexualidade e Educação: notas para uma “Epistemologia”. In: Educar nº 35 (2009), p. 37-51.

    DAVIS, Angela. Mujeres, raza y clase. Madrid: Edições Akal, 2004, 239p.

    DINIZ, Margareth; VASCONCELOS, Renata Nunes. Pluralidade cultural e inclusão na formação de professoras e professores: gênero, sexualidade, raça, educação especial, educação indígena, educação de jovens e adultos. Belo Horizonte: Formato, 2004. 187p.

    FOUCAULT, Michel; ALBUQUERQUE, Maria Theresa da Costa; ALBUQUERQUE, J. A. Guilhon. História da sexualidade. 17ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 2006.

    GOMES, Nilma Lino. A mulher negra que vi de perto: o processo de construção da identidade racial de professoras negras. Belo Horizonte: Maza, 1995. 198p.

    GOMES, Nilma Lino. Identidades e corporeidades negras: reflexões sobre uma experiência de formação de professores(as) para a diversidade étnico-racial. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 292 p.

    GOMES, Nilma Lino. Sem perder a raiz: corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. 373 p.

    GOMES, Nilma Lino; SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Experiencias etnico-culturais para a formação de professores. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 156 p.

    GONZALEZ, Lélia; HASEMBALG, Carlos. Lugar de negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982, 115p.

    HEILBORN, Maria Luiza; AQUINO, Estela M. L; BOZON, Michel; KNAUTH, Daniela Riva. O aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.

    IPEA et al. Retrato das desigualdades de gênero e raça.. 4ª ed. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada/IPEA, 2011. 39 p.

    IPEA et al. Retrato das desigualdades de gênero e raça.. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada/IPEA, 2003. 31 p.

    LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. 174p.

    LOURO, Guacira Lopes; NECKEL, Jane Felipe; GOELLNER, Silvana Vilodre. Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis: Vozes, 2003. 191p.

    MUNANGA, Kabengele.; GOMES, Nilma Lino; AÇÃO EDUCATIVA. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global: Ação Educativa, 2006. 224p.